Blunsdei vinte-vinte

James e Norah

Ulysses é um livro de tantos enigmas, pegadinhas, sacanagens, brincadeiras, zoeiras que a gente ganha o direito de achar que tudo serve a algum propósito (spoiler: tudo em um texto serve a um propósito – mas nem tudo foi pensado pelo autor pra ser assim).

(tipo, eu olho pro título e vejo ali dentro a palavra final do livro: ulYssES. Não sei se o Joyce pensou nisso, mas é legal pensar que o livro perde ULSS durante centenas de páginas e vira um “sim” – seria um plágio antecipado da obra que fez John Lennon se apaixonar por Yoko Ono?)

ou ié

Gérard Genette, em Paratextos Editoriais (Ateliê, 2009), comenta de como o título do livro, por ser um nome próprio, induz o leitor a pensar que é um livro de alcance metafórico, que há alguma malandragem envolvida por trás do enredo, dos personagens e do estilo. Afinal, se ninguém ali se chama Ulysses, tem alguma coisa aqui que a gente precisa descobrir: por que o livro tem esse nome?

Nessas, eu sempre fiquei pilhado e achei que era um desvio de leitura o livro começar com o pulha do Buck Mulligan. O livro abre com ele descendo as escadas e torrando os patovás do pouco divertido Stephen Dedalus. Aí vamos por 3 capítulos com o Stephen, um cruel alter ego do autor em boa medida (ressalte-se que Joyce tem a manha de se colocar como um mané metido a fodão).

a heroica Sylvia Beach publicou o livro quando ninguém quis

Bom, James Joyce não era definitivamente um roteirista obcecado por pontos finais e com problemas de elementos coesivos em terno de romancista. Era um ser absolutamente apegado a prosa, tanto que vai desmontar ela em caquinhos pra remontar a seu próprio modo em Finnegans Wake. Ou seja, ele não tava pensando em termos de apresentar o personagem logo, estabelecer quem o leitor deve acompanhar, colocar uma situação exemplar em que o caráter desse personagem se revele (ele ia se dar mal na aula de roteiro do tio Robert McKee).

Nada disso: ele começa o livro com o personagem errado, e aí seguimos por 3 capítulos com o coadjuvante da história, para só lá na segunda parte encontrarmos Leopold Bloom, o nosso Odisseu valoroso.

Por conta da quantidade de penduricalhos estilísticos e textuais, me permito propor um porquê: Buck Mulligan é um usurpador: rouba a atenção, o dinheiro, se aproveita de Stephen a ponto de lhe afanar o protagonismo como pode nos capítulos que deveriam ser seus, por isso é ele o personagem que abre o livro (e diferente de Pinto Calçudo, de Oswald de Andrade, ele não é expulso do romance).

ô, letrinha, hein, sr. Joyce

Já os 3 capítulos com Stephen, além do paralelo homérico, também se prestam ao próprio autor sair mais de si e ir para a ficção: do alter ego para o personagem ficcional, a desaguar no fim do livro ainda em outra personagem distante dele (distante em termos, claro – tudo saiu da mente do autor em alguma medida): Molly Bloom. O passo seguinte só podia ser os não personagens de Finnegans Wake.

Pode até não ser isso, mas num labirinto de texto desses, o leitor pode achar mais de um caminho pra saída, sim.

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Blunsdei 2017

Dramatizações de Ulysses feitas em 2014 em Brighton, Drew Tingwell como Bloom; Cathy Kohlen de Molly. Photo by Bernard Peasley.

Bloom dia!

Não via porque deixar a data sem um respingo aqui, sem falar do Ulysses, livrodessesquemudaaspessoa. Tem uma ideia de que o livro é ilegível: num é; mas tem gente que gosta de dizer por aí que é.

O livro não é fácil, fato, mas falta o povo vender mais a chave importante pro livro: o humor. Joyce é um fanfarrão, sério.

O ponto alto e quase apoteótico do quarto capítulo é ver o sol depois da cagada memorável do sr. Bloom (dos grandes bostaços da literatura, sem dúvida).

Algo que o Caetano Galindo (tradutor da obra na edição da Penguin-Companhia – minha tradução favorita, aliás) diz do livro: é que o Stephen Jyce, personagem dos 3 primeiros capítulos é um porre e que quando o senhor Bloom entra no livro é como se o sol se abrisse.

Stephen é aquela figura amargurada com obra porvir, de pouco humor, metido a serião, aff; Leopold Bloom, que come com mucho gusto miúdos de aves e animaizinhos, é muito mais batuta (não a toa grande parte do livro é sobre seus ombros).

Se o começo é meio sem graça, é pela técnica joyceana de narrar, de usar um narrador que sequestra o vocabulário e pontos de vista do personagem. Ou seja, o uso da linguagem fala sobre o que é narrado e aqui entra um ponto que acho que é onde mora parte da dificuldade do livro (segue em parágrafo próprio essa reflexão):

Ulysses tem desenvolvimento de personagem, tem trama, tem ponderações sobre diversos aspectos do mundo, mas também tem desejos formais, que abraçam e beijam essas coisas todas e faz tudo funcionar junto, numa orgia vocabular de gozos grandiosos e triunfais. Aqui entra a minha observação: não é possível tirar um desses elementos do livro, é preciso engolir todos eles, porque a graça é justamente tudojunto.

Essa prioridade da fábula (do que se conta) sobre os demais aspectos de um instituto literária é uma falácia muito comum, como se tudo devesse se ajoelhar ao narrado e à compreensão.

Ulysses não é ilegível, é divertido, engenhoso, choroso, humano, dograndecaralhão, mas é também, obscurinho e não se entrega fácil, mas devolve multiplicado as dificuldades a seus leitores.

close your eyes and see.

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Histórias a contar

Deixando cair um vaso da dinastia Hang (1995). AI WEIWEI

hoje morreu (ontem talvez) o João Gilberto Noll. segunda-feira já tinha se ido embora meu tio.

vou contar uma historinha: comecei o dia com uma estupidez. tive um momento de fúria contra um objeto (por ele não compreender o que eu queria dele). é o tipo de coisa que me intoxica, tipo passar o dia tentando não me odiar por ter sido essa fúria bestial e absolutamente despropositada.

enquanto desenvolvia uma autopunitiva azia e alguma dor de cabeça, bateu na minha timeline do Twitter a notícia da morte do Noll.

Trago de lá as observações que fiz:

encontrei a literatura do João Gilberto Noll por causa da famosa lista do Cristovão Tezza
famosa pra quem fazia Comunicação/Letras na UFPR até o Tezza pedir pra amarrar o cavalo em outra estância (era uma lista com uns trocentos livros de diversos autores, finesse da finesse literária)
eu, taradinho por listas, comecei a SEGUIR A LISTA pras minhas leituras (foi assim que encarei Montanha mágica e Ulysses, p.e.)
quando cheguei no João Gilberto Noll, fui pra Biblioteca pública do PR em Curitiba (top 5 pontos do mapa afetivo do lielsonistão) procurar
(eu, ALINHÁS, fazia isso: pegava indicação de um livro, ia pras prateleiras e olhava e olhava e olhava até colidir por acaso com outro livro: foi assim que cheguei no Camus)
((quanto texto interposto, hein)) (((acho que é coisa da memória)))
quando cheguei na estante com os livros do Noll, vi que eles eram finos e pensei “levar logo uns 3 desse caraê”
(um deles era da coleção Pleno Pecados, Canoas e marolas, a preguiça no caso, que me levou a ler os outros 6)
nessa devo ter lido uns 7 ou 8 livros do cara. são personagens em desmanche, diluindo-se, e o narrador nos dá o mundo pelos olhos deles
é tudo meio incerto, provável, um baita “pode ser”, impressionista, lírico, doído, bonito pra caralho, cenas homoeróticas soberbas
(arisco dizer que a literatura dele abriu minha cabeça pra entender isso de amor e desejo entre homens)
o Harmada, por exemplo, é um antiromance de construção. invés da formação, vemos a destituição de um personagem
tem a coisa de eu ter lido esses livros todos e mal lembrar dos enredos, porque importa pouco: o que vale é a sensação que eles passam
Esse sentimento e memória de ter lido e me sentido desse ou daquele jeito tá aqui comigo até agora. juntos, lamentamos a morte do Noll.

aumento ainda dizendo que meu tesão por histórias incertas e sem objetivos pode ter sido tonificada pela literatura do Noll.

na outra ponta da semana, meu tio Zanin. Ele também contava histórias, muito mais objetivo que o Noll. Pra ele, a coisa era a coisa, um seguidor de Alberto Caeiro que nunca o leu. Tudo que ele contava, fazia como se tivesse se passado com ele. Das situações impossíveis, pensávamos se tinha sonhado aquilo ou imaginado tanto, que virou memória.

surdo de nascença, mudo por causa disso, idade mental de uma criança numa vida de 50 e tantos anos e uma cegueira progressiva, eu pensava de onde vinham os estímulos para criar as histórias contadas com gestos firmes e efeitos sonoros, numa rede de significados. A família divergia sobre o sentido de alguns dos signos que ele criou (nunca soubemos se era um barbudo ou um papudo ou ainda um homem de lenço o principal vilão das narrativas, que tanto o atacava e recorrentemente apanhava e era posto na cadeia).

perto desses dois, minha história da manhã fica ainda menor e talvez alcance o seu ponto de ervilha no colchão.

disso tudo de hoje, sobram os livros do Noll, a vergonha e a saudade de meu tio e de suas histórias que, agora sim, estão mudas.

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Indicando uns quadrinhos pro Papo Zine

O Carlos Neto, do Papo Zine, me chamou pra falar uns quadrinhos que eu curto. Tá logo ali embaixo:

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Curso de crítica de quadrinhos

mas podemos chamar também de OuCriPo.

Pera, por partes:

no final do maligno 2016 fui convidado pelo Claudio Alves a dar um curso curto no Instituto HQ na última semana de janeiro (23, 24, 26 e 27) ((isso foi da coisas massa do ano não-massa)). falei “claroénóischampz”, mas aí precisava pensar sobre o que seria esse curso. rapidinho me liguei que os quadrinistas dariam os cursos relacionados à linguagem, falando de prática e teoria e por certo alguém proporia um curso do naipe histórico.

minha reflexão me deixou no conhecido MATO SEM CACHORRO cerebral. até que pensei em ser ~ousadinho~ e propor um curso sobre crítica de quadrinhos. rimos muito (a sombra do palhaço que me acompanha et moi) e imaginei que ninguém se inscreveria nisso.

com o mais legítimo CAGAÇO de não ter inscritos pro curso, ampliei a ideia pra falar de textos SOBRE quadrinhos: crítica, jornalismo, textos editoriais, pesquisa acadêmica. massa, era isso. o Claudio achou buena onda também e nessa 5 pessoas de alma mui digna e nobre se inscreveram. Rá, o curso ia rolar.

daí, arredondei a bagaça: dos 4 dias, cada dia era prum gênero de texto e eu ia fazer o Ringo e chamar os amigos pra dar uma forcinha: Ramon Vitral pra falar sobre a escrita jornalística, Guilherme Kroll sobre paratextos e Maria Clara Carneiro pra falar sobre pesquisa.

o resto foi OuCriPo, a Ouvroir de Critique Potentielle (oficina de crítica potencial).

essa é uma pira que já conversei com muita gente, principalmente com a Maria Clara, a embaixadora do OuBaPo no Brasil. Vamos a algumas explicações: OuCriPo e OuBaPo são derivações do OuLiPo (Ouvroir  de Littérature Potentielle), um grupo francês que propõe que a escrita a partir de determinadas restrições gera uma maior possibilidade de textos. A ideia é escolher quais serão as restrições e a partir daí criar. por exemplo, George Perec, um dos oulipianos mais conhecidos, escreveu um livro inteiro sem usar a letra E (O sumiço, em português). Pra se informar direito sobre OuLiPo e OuBaPo (que é sobre quadrinhos), leia este texto da Maria Clara.

entonces: propus nesse curso exercícios de crítica sob restrição e refletir de que forma isso ajudava a gente a pensar e perceber a crítica. por exemplo, pedi resenhas que não dissessem bem ou mal do quadrinho; resenha de um parágrafo sobre o quadrinho que mais gostavam, apresentando seus aspectos negativos, uma resenha com um quadrinho que não gostassem ressaltando suas virtudes. também pedi que resumissem toscamente seu quadrinho favorito em uma frase, de forma que ficasse engraçado e obscuro sobre o que se tratava, copiando aqui uma brincadeira que vi Twitter naquela semana (tipo assim: “ele não era rato e morre uma galera” pra descrever Maus).

diante de “Time”, do Chris Ware, pedi uma resenha em uma palavra:

anotei no quadro as palavras usadas pela galere e, depois, pedi uma resenha em que essas palavras fossem usadas no texto. depois, num exercício coletivo de escrita, em que cada um escrevia um parágrafo e que o texto deveria ser coeso. para tornar mais sofrido, cada um deveria usar no parágrafo a palavra que indicou no outro exercício. ao final, sairam cinco textos, de cinco parágrafos, escrito pelos cinco participantes.

todos esses exercícios chamam a atenção para o aspecto de o que importa ao falar criticamente de um quadrinho e que tipo de responsabilidades está em jogo. nessa oficina específica, nenhuma das formas criadas serve exatamente pra ser desenvolvida como crítica, mas são uma espécie de treinamento e reflexão.

pretendo repetir essa experiência.

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E então

na última vez que escrevi aqui, disse que voltaria pra comentar como foi um bate-papo com o Ramon e o Guilherme Kroll  lá na Ugra e meio que não voltei.

(fica de boas, este não vai ser um texto sobre noooossaaa faz tempo que não escrevo – tô aprendendo a não me dar tanta importância assim)

[aproveito, inclusive, pra deixar os links prometidos e até então descumpridos, dos meus textos do Bacana sobre os dias 3 (RADIOHEAD!) e 4 (SIGUR RÓS!) do Primavera Sound de 2016.]

{o bate-papo lá foi maneiríssimo, aliás}

e então?

meses depois me sento na mesa amarela em que conversei meu café da manhã por meia década, mas há meses que não. agora é de tarde, o café já esfriou e eu só procuro a próxima palavrinha pra fazer um texto que vocês gostem de ler e pensem o quanto meu texto é/pode ser massa. escrevo justamente o que leem, com um mapa daquilo que não quero falar e ajustando pouquito.

dessa vez, visito São Paulo; visito ela para dar os parabéns pelo seu aniversário; para dar um curso no Instituto HQ sobre OuCriPo (que esqueci de jabazar aqui antes [e que espero escrever sobre ele depois, mas eu não confiaria tanto assim em mim]); para participar de um evento de quadrinhos no sábado ali na Ugra.

depois, São Gonçalo – marca funda no mapa afetivo, depois, Salvador – a nova casa.

(ó eu me desaprendendo a não dar importância)

acho que a gente sempre escreve por vaidade de que gostem da gente; sempre escreve por uma ânsia de emaranhar os fios de lá e cá; escreve por estar a fim de ver as palavrinhas serelepes pulando dos dedos pra tela; escreve sem saber bem a razão. só acho, né, sei lá.

e então?

não. e agora?

agora é hora de botar o corpo pra comer e andar, porque agora é hora de acumular mais um pouco de memória pra depois escrever aqui.

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Os ciclos produtivos das HQs brasileiras #2

O Ramon Vitral, responsável pelo Vitralizado, bolou com a Dani e o Douglas da Ugra um curso muito massa sobre o cenário atual dos quadrinhos brasileiros, focado nas etapas de produção. Aqui tá tudo bem explicadinho. A primeira edição já foi e essa é a segunda, mas boto fé que vai ter uma terceira.

Sábado, dia 5, Guilherme Kroll (da Balão Editorial) e eu fomos convidados a falar sobre a perspectiva dos editores. Já participei de outras mesas com o Guilherme e tenho certeza que vai ser bacanoso.

Depois faço um resumo aqui de como que foi lá.

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Como foi a Bienal de Curitiba

Cartaz de Pochep

Cartaz de Pochep

o mais legal desses eventos são os encontros, tanto com pessoas que só conhecia das capas dos gibis, quanto velhos amigues. morei em Curitiba 11 anos, tive bons e maus momentos suficientes lá pra eu me apegar e até hoje um pedação do meu mapa afetivo é a ~cidade modelo~.

poderia ficar aqui delirando sobre amigos, encontros, amores, desintimidades, falta de tempo, dicas de lugares a ir e a não ir, mas prefiro falar um pouco das mesas de debate que participei na Bienal.

nas três que participei de mediador, li um texto de abertura que colo abaixo:

Quadrinhos silenciosos.

(mesa com André Ducci, Alexandre Lourenço, Rafael Sica, Troche e Lucas Varela)

Pensei por um bom tempo que o melhor pra essa mesa seria ficarmos todos calados, em silêncio. Algumas coisas me fizeram mudar de ideia: primeiro, John Cage já mostrou que o silêncio é uma tarefa impossível aqui onde há formas das ondas sonoras se propagarem; segundo porque não é hora de silenciar: foi golpe, sim e esse governo é ilegítimo; terceiro, porque teríamos a mesa mais chata da Bienal, já que todo mundo quer ouvir o que os autores têm a dizer e quarto, e principalmente, porque a ausência de palavras não quer dizer silêncio, basta olhar pra obra desses autores.

Ausência de palavra é silêncio?

Cadernos de viagem.

(mesa com Power Paola, Guilherme Caldas e André Caliman)

Aqui no aeroporto de um país que sofreu um golpe legalista e é regido por um impostor, tomo notas pra começo da mesa que vou mediar na Bienal. Gosto da escrita em trânsito, já consegui bons textos assim. Ter um caderno de notas à mão me parece alimentar a memória que só será memória lá na frente e que agora é experiência, é vida, é a minha vida. Um caderno de viagens é uma vivência pessoal que coloco num código compreensível para que possa ser entendido por outro, mesmo que eu sempre tenha achado que o outro seria só eu mesmo daqui um tempo.

Como tornar meu caderno de viagem relevante para alguém?

Quadrinhos e gênero.

(com Adão Iturusgarai, Laerte, Pochep e Maria Clara Carneiro)

O que aconteceu no Brasil se construiu e foi um golpe. Durante esse crime legalista, foi fácil perceber a diferença de tratamento para Temer e Dilma: ele golpista; ela vadia. Evidencia uma questão de gênero pesando sobre a política.

1) “Todos nascemos nus. O resto é drag”. – Ru Paul

2) “Em frente ao espelho, nus, temos as marcas do sexo, à elas vamos adicionando a
terminação de classe e as tais desinências de gênero (sem contar os sotaques
regionais, as desinências de tempo e de ocasião). E o nosso morfema-corpo
integrará diferentes sintaxes e comporá tantos discursos, que um software
poderoso de criação de personagens virtuais nunca conseguiria dar conta de
prever as infinitas possibilidades de ser gente nesse mundo.” – Maria Clara
Carneiro, quando foi receber um prêmio vestida de Laerte.

3) “O texto é tecido” – Roland Barthes

4) “Um galo sozinho não tece uma manhã” – João Cabral de Mello Neto

Montei esse texto com diferentes outros textos e acho que as falas daqui podemos juntos pensar: o que é gênero?

Em todos eles me posiciono sobre a situação política do Brasil, que chamo de golpe. Na outra mesa que participei dessa vez debatendo e não  mediando, palpitei sobre crítica, responsabilidade de informação e, novamente, política.

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Eu na Bienal de Quadrinhos de Curitiba

volto pra propagandear (tua formação não te engana, rapá): sou um dos convidados da Bienal de Quadrinhos de Curitiba e vou mediar 3 mesas e participar de 1.

Sexta-feira

14h – Quadrinhos Silenciosos
Mediação: Lielson Zeni
Troche, Lucas Varela, Rafael Sica, Alexandre S. Lourenço, André Ducci

[tema que me interessa especialmente este]

18h – Cadernos De Viagens
Mediação: Lielson Zeni
Tiago Elcerdo, Guilherme Caldas, André Caliman, Power Paola

[tipo de produção que adoro]

20h – Quadrinho, Gênero e Diálogo
Mediação: Lielson Zeni
Maria Clara Carneira, Laerte, Adão Iturrusgarai, Pochep Phillipe

[depois do livro da Mandy, tô pronto pra essa (outra hora eu conto)]

Domingo

11h – Jornalismo, Quadrinhos e Redes Sociais
Mediação: Heitor Pitombo
Mariamma Fonseca, Lielson Zeni, Ramon Vitral, Vitor Marcello

[Ramon e eu vamos falar um pouco sobre o próximo prêmio Grampo]

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Amsterdã dia 4

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Postagem curta, curtinha.

Acordo 5:31 horário daqui, depois ter dormido-acordado a noite toda. Enrolo a pizza que sobrou de ontem, fecho malas, dou aquela última olhada, sento, espero, saio, check-outo e corro pro ponto de ônibus.

Consegui um esquema sovina pra não pagar outro trem pro aeroporto. Envolve busaaum, boonde, busaaum e aquele passe livre pra 24horas de transporte público.

O comovente horário que se cumpre no transporte público europeu fez com que a saída 6:07 e a chegada 7:18 acontecesse sem esperas maiores que 10 minutos (isso por eu ser cagão de perder o primeiro ônibus).

Despachei a mala, comi a pizza, bebi a água, passei pelo raio-x e pela migração e neste momento tô na Terra de Ninguém do aeroporto. Só entrar no avião, pegar busão e metrô em SP em chegar em casa,

Essa viagem acabou. Pela atenção, obrigado.

Nos próximos capítulos: mudança de casa, companheiros batutas de moradia, busca por trabalho e menos fotos no Instagram.

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